Perguntaram onde ficou o frenesi que eu sentia todas as vezes que me falavam sobre você e eu respondi com toda calma: - Sinceramente? Perdeu-se com o tempo, junto com todas as lembranças e noites mal dormidas. E depois de dito isso eles olharam-me com olhos de quem desconfia, sabiam que minhas palavras não passavam de mentiras mal contadas, lancei meu melhor sorriso para eles e segui meu caminho.
Passei por aquelas ruas que antes corríamos de mãos dadas e os mesmo senhores que ficavam sentados olhando nossa paixão semi descoberta cochichavam entre si, um deles me parou e perguntou-me onde você estava. Respondi-lhe que não sabia que há muito tempo aquela menina que corria comigo não era a mesma. Então os outros senhores pararam de cochichar, eu tinha certeza que suas mentes borbulhavam por quês intermináveis, mas eu ignorei.
Cheguei a meu destino e sentei-me sobre a grama recém aparada, o vento frio anunciava que logo choveria e fiquei imaginando se você estaria bem, se havia encontrado a real felicidade que tanto almejava... Eu não encontrei. Ou encontrei e perdi ou me perdi pra encontrar e não encontrei. Que seja hoje não importa mais.
Estou passando por um processo lento, doloroso... Uma cicatrização do amor, da alma, do eu que perdi estando com você. Estigmatizei todos os pensamentos que envolvessem você, todas as lembranças e até mesmo você. E mesmo assim você continua aqui – não exatamente você, mas aquela menina que descobriu comigo o que era paixão -, sentada ao meu lado, atirando pedras no lago e contando suas fantasias e eu continuo vindo aqui, todos os dias, todas as tardes... Para rir com você e viver, nem que por poucas horas.
- Camila M.

